sexta-feira, 10 de junho de 2011

Câncer

Quero um conceito que me afronte. Aquele tipo de conceito que dá um nó na cabeça e nos faz buscar o retorno ao status quo. É nesse momento de busca que reside toda a inteligência e ignorância. Um conceito que tenha mais ideología que um discurso e uma míssa juntos, e seja mais preciso que um obtuário. É isso que eu quero. Algo que me faça fugir do meu comum insuportável. Algo que me faça crescer, evoluir e transcender. Por que não? Algo que me faça esquecer e lembrar. Preciso de um conceito que me faça aproveitá-lo sem saber. Como a juventude. E que me faça respeitá-lo como se deve ao próximo. Preciso de um argumento conceitual que me aproxime de você e deles. De algo que me faça herói e mortal. De algo que me escape. De algo que não se controle. De ajuda.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Animal Country

Sabe, andei analisando e pensando sobre o modo de vida da sociedade brasileira de uma forma geral e descobri que ela é perfeita para estudos sobre as leis e relações biológicas. É simplesmente impressionante como toda ela interage intraespecíficamente. Por exemplo, um ser entra em competição com outro. Se um deles decide eliminar o concorrente, direcionando-o para a vala, existe uma grande possibilidade de ser estabelecida ai uma relação +/-. Já que de cada 100 homicídios em território brasileiro, 8 são solucionados(não sendo considerado se foi bem ou mal solucionado). Ou então, podemos citar o exemplo do parasitismo endêmico em cargos públicos. Com nomes e sobrenomes notóriamente reconhecidos por suas artimanhas com dinheiro público, os parasitas se mantém inabaláveis em cargos, como a presidência do senado, e utilizam o organismo estatal para suprir suas necessidades financeiras, políticas, familiares. Enfim, poderia falar também do comensalismo sobre as mulheres dos outros seres, ou do inquilinismo sobre terras indígenas, ou da foresia dos bóias-frias. Mas, por trás de todo esse ecossistema quase em clímax existe um fator que mantém a ordem entre todas essas relações. O grande Judiciário. A máquina racional no organismo brasileiro. Tão racional, mas tão racional... que seu emocional é um caos. Com isso ele procurou estudar a Bíblia e adotou a máxima:"não julgues, para não ser julgado". Afinal, até um promotor comete pecados...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Heroína

No dia-a-dia, aquela olhada de esguelha pra gostosa que passa ao seu lado pode ser uma bela forma de escapar da realidade. E se o olhar for correspondido então... É melhor que qualquer droga. A imaginação soa afinada em loucuras sexuais e romanticas. Ela pensou o mesmo. A olhada diz isso. Naquele momento, as Íris deixaram-se levar pelo mais louco impulso animal, e transaram ali na frente de todos os possíveis olhares sem serem vistas, sob o segredo das palavras mudas e expressões feromoniais. Com o passar de um infinito fugaz, as Íris se despedem e seguem seu curso andando ao chão. Atordoadas, seguem procurando a conta que as ocupava antes de tudo, completamente entortopecidas.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Lombada

Sensação de mal estar em sí. Coisa chata que nem os mais filosóficos entendedores souberam interpretar. Vontade intrínseca da matéria querendo uma animação. Em vão. As situações formais conspiram contra as burocracias amorosas. Talvez sejam as posições de Marte em alinhamento com Vênus cada vez mais raras.
Mas foda-se. O bem-estar futuro será recompensador.

Será mesmo?

Lutar inconscientemente por um sonho é uma coisa, mas exaurir a animação em projetos materiais pelo simples fato deles terem, não serem, é efemeridade em matéria. A viagem é curta demais para não se haverem sensações mágicas experimentadas, alteradas, sentidas, explodidas, invertidas. Todos deviam voar digressionalmente pelo menos uma vez na vida.
Afinal nada sempre é infinito.

Nada sei.

Malditos analgésicos alucinógenos da porra. Substâncias proibidas vendidas legalmente indiretamente fariam o mesmo efeito. Larica de cama, de sofá, de chão, de alguém agora...
Não aguento mais essa dor de cabeça.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Coletiva Fechada

-não quero precipitar-me a dizer nada. meus amigos caros sabem o que digo. tudo o que fiz até o dia de hoje, sempre foi lutar pela causa do povo. muitos poderosos acham que minha vida nada mais foi do que matança de inimigos. eles estão com medo do poder popular pelo qual sempre estive trabalhando!
-mas senador, as provas indicam que o senhor esteve no local...
-provas, provas e provas... ninguem fala que o enão foi um sucesso para a educação brasileira e mundial, batalhado por mim e um ou dois ajudantes parlamentares. mas todas as provas criminalísticas são divulgadas a torto e a direito...
-o senhor, senador, afirma que houve erro na interpretação das provas?
-mas é claro! a arma que julgam ser a do crime, a mim pertencente, logo é mister a presença de minhas digitais em tal aparato bélico. as ranhuras de minhas botas encontradas na cena do crime não foram do dia que constam como dia do crime, mas, como aquele lugar é uma conhecida rota para a caça esportiva dos tamanduás bandana, ela foi feita no dia anterior quando eu estava caçando com minha familia.
-o senador tem conhecimento de que aquela é uma área de reserva ambiental e a cena era uma rota para os caçadores ilegais?
-o que?! mas isto é uma calunia! recuso-me a responder a tal pergunta ultrajante de vossa excelência! eu, um homem publico e da lei e do povo, sendo acusado não somente de inúmeras falácias mas também de não reconhecer uma área de preservação ecológica?! recuso-me a responder a tal mesquinha pergunta.
-ok, senhor, mas...
-mas nada! tirem este conspirador esquerdista da minha frente!
(3 seguranças agarram o jornalista pelo braço e carregam-no para fora da sala da entrevista coletiva e para dentro de algum lugar do prédio onde a narração não tem autorização de narrar.)
-muito bem, espero que não tenha de repetir essa situação novamente... estamos aqui pra vocês, jornalistas, fazerem o trabalho de vocês. me perguntarem, indagarem sobre as dúvidas do país quanto minha situação política, economi... digo, judicial e mental. estamos esclarecidos?
(todos ascenam positivamente com o crânio, que aloja o cérebro. logo, eles são racionais.)
-então podem continuar as perguntas.
-se-se-senhor?
-você é gago ou está com frio, meu filho? hahaha! se quiser um agasalho, eu tenho os da minha campanha eleitoral aqui comigo. eles serão distribuidos a todos os sem teto, sem terra, sem prato, sem privada e sem tv deste país. é, sem dúvida, uma campanha muito ambiciosa. mas diga sua pergunta.
-eu... eu... é que...
-cospe logo, garoto! diga de uma vez!
-ok... eu sou filho da Dra. Helena do Socorro, aquela que o senhor é acusado de matar.
-ah... meus sentimentos, meu filho...
-obrigado...
(ele saca uma 38 da parte de trás da calça jeans e aponta para a cabeça do senador. Três tiros são disparados.)

...

MANCHETE DO DIÁRIO OFICIAL DE BRASILÍADA:
"GAROTO DE 17 ANOS MORRE COM INFARTO FULMINANTE DURANTE COLETIVA DO NOSSO SENADOR"
"RESERVA FLORESTAL DOS IGUARAPÉS É O NOVO CENTRO DA FBC(FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE CAÇA)"
"SENADOR É INOCENTADO POR FALTA DE PROVAS"
"FLARINTIANS É CAMPEÃO POR ANTECIPAÇÃO PELO 4º ANO SEGUIDO, DESDE A ELEIÇÃO DO SENADOR COMO PRESIDENTE"
"JORNALISTA CONFESSA PARTICIPAÇÃO NO CRIME APÓS DISCURSO EMOCIONADO DO SENADOR"
"ENÃO É COPIADO POR VÁRIOS PAÍSES DO MUNDO E DA ÁFRICA"

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Releitura de um ato

As coisas andam a minha volta. Eu continuo sentado. Os espelhos em cada lado mostram solidão. A ideia de tempo evolui enquanto o ponteiro avança. As coisas se desformam a minha volta. Eu continuo sentado. A água que corre molha meu rosto e minha nova face. Ela hidrata e refresca pensamentos anteriores, presentes e posteriores. Imagens vem aos olhos se banhar e fazer menção ao que faço.(Apresentação, socialização, cópula. Felicidade. Briga, defenestração, fuga). O peso do passado fica maior agora. As coisas fogem a minha volta. Eu continuo sentado. Faço as circunferências se deslocarem cada vez mais, e mais. A água que entra correndo mistura-se aos lacrimais acasos de minha visão. Sinto o coração pulsar mais. Sinto aquele nó na garganta. Sinto medo e nojo dos meus atos. Sinto falta dela. Sinto o impacto.

As coisas se quebram a minha volta. Eu voo pela janela quebrando o pescoço ao aterrisar. Estou morto agora. Vi a mureta da estrada passar por baixo de mim enquanto o portamalas abria com o choque e fazia seu corpo voar pelos ares, antes de desencarnar. Eu morri fugindo, matando a ela e a mim.